quarta-feira, 8 de abril de 2015


 3 Centavos... ou balinha de troco

3 Centavos. Que importância tem para você?

Foi notícia no meio jurídico a recente decisão dos tribunais da Justiça do Trabalho a respeito da quantia de 3 centavos.

Para recorrer de uma decisão do tribunal da Bahia, uma empresa deveria recolher R$ 9.617,29 em custas judiciais. O recurso não foi aceito porque o depósito tinha três centavos a menos.

Além de curiosa, a notícia alerta para um princípio de finanças pessoais. O Tribunal Superior do Trabalho em Brasília usou o seguinte argumento: a razão não é a quantia faltante e sim a abertura de um precedente, a quebra de um princípio.

Se fosse aceito o recurso, o que seria dito aos próximos que errarem o valor da guia? Se com 3 centavos passou, porque não com 10 centavos, 1 real ou 1.500 reais? Aberta a exceção, a famosa “brecha na lei”, todos poderão passar por ela.

Perceba que os bancos também estão atentos a cada centavo de todos os caixas da sua rede. Você poderia argumentar: ora, são apenas centavos. A resposta do banco seria: desprezar o controle destes centavos vai gerar um prejuízo de milhões. O problema não está na quantia, está na quebra do princípio de organização financeira.


Em finanças pessoais é a mesma coisa.

Alguns simplesmente não ligam para o troco em balas, para os 5 centavos que o cobrador do ônibus não devolve, para 1 real que fica com o taxista quando a corrida ficou em R$ 19,00 e você passa uma nota de vinte.

Quem não liga para os centavos geralmente não liga também para as taxas de juros, as tarifas, o custo de oportunidade. Na brecha dos centavos, passam os reais inteiros, as dezenas e os milhares.

A Associação dos Executivos em Finanças (ANEFAC) informa que 95% dos brasileiros contratam empréstimos sem saber qual é a taxa de juros da operação. Eu acredito que são os mesmos que não acreditam que 3 centavos mereçam atenção.

Ficou claro que para a Justiça brasileira e para os bancos mais vale a organização financeira, o controle, do que a quantia.

E no seu caso como funciona? 

Três centavos é dinheiro pra você?


Um abraço,
Prof. Samuel Marques
A Formiga e a Cigarra

Era uma vez um formigueiro altamente organizado e produtivo.

Nele trabalhavam milhares de formigas produzindo veículos de alto desempenho, sem deixar de lado a preocupação com o meio ambiente e a segurança de quem utilizaria seus produtos.

Certo dia uma cigarra foi contratada para trabalhar na linha de montagem e a formiga que chefiava o setor ficou encarregada de lhe passar as orientações de integração.

Depois de muita conversa a formiga chefe não teve certeza de que a cigarra entendeu todas as instruções, até porque ela vinha de uma outra cultura e não entendia bem o formiguês que era a língua oficial dos negócios das formigas.
A formiga chefe decidiu então que a convivência com os colegas de trabalho provavelmente iria ensinar tudo o que era preciso para o trabalho da cigarra.

O tempo foi passando e a convivência ensinou mesmo muita coisa. Mas alguns aspectos da cultura do formigueiro não eram percebidos pela cigarra, como por exemplo, o fato de que suas colegas formigas estavam estocando alimentos para o inverno.

Todos os meses as formigas reservavam parte da cota de alimento que recebiam na fábrica do formigueiro e levavam para suas próprias casas, onde guardavam em pequenos potes de conserva.  
Na concepção das formigas, parte do alimento recebido deveria ser reservado para fazer festa no futuro, no tempo do inverno. Por isto, assim que elas recebiam a comida, já separavam uma porção para o pote de conserva.
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Mas na cultura das cigarras era tudo bem diferente. Para uma cigarra todo alimento é motivo de festa no presente. Nada de esperar para depois.

É servir e comer tudo. Mantendo este hábito, a cigarra recebia seu alimento e sempre dava festas, consumindo tudo naquele mesmo mês, sem guardar nada para o inverno.

O assunto de fazer conserva de alimentos sempre era comentado no formigueiro, mas infelizmente a cigarra não prestava muita atenção porque achava aquilo muito estranho.

Na sua cultura natal ninguém guardava comida pra depois. Por que ela passaria a guardar agora?

Mas um belo dia, o inverno chegou. O formigueiro dispensou todos os colaboradores e como o frio era intenso, as formigas se recolheram em suas casas. Agora elas tinham bastante alimento e não precisavam sair no frio para encontrar alguma coisa.

Protegidas em seu abrigo com ar condicionado, elas faziam fondue de chocolate e convidavam os amigos para festejar o inverno, um tempo que para elas era de alegria e convivência em família, sem a necessidade de pensar em trabalho.

A cigarra, no entanto, sofreu bastante. Em vez de fazer festa e conviver com a família, ela precisou sair do seu abrigo e buscar comida num momento inadequado, passando frio e arrependendo-se de não ter seguido a cultura das formigas.

Felizmente o inverno passou e o formigueiro voltou à atividade. A cigarra foi chamada novamente para trabalhar e desta vez já havia compreendido melhor a cultura que reinava por ali, inclusive sobre fazer conserva de alimentos e considerar o inverno como um tempo de festa.

Ela conversou bastante com a formiga chefe e pediu conselhos sobre como ter mais tranqüilidade quando voltasse a fazer frio. Percebendo que ganhara uma nova chance, a cigarra se inscreveu num curso sobre como guardar comida em potes de conserva e ensinou tudo para sua família, de maneira que eles também passaram a ajudar nesta nova tarefa.

Hoje a cigarra tem bastante comida em conserva e não tem mais medo da chegada do inverno.

** Imagem: ilustração do projeto Gutenberg, postada na Wikipedia.

Prof. Samuel Marques